setembro 29, 2009

Política do poder no caso Sarney


Caros amigos, para inaugurar as postagens neste blog escolhemos o tema mais comentado da política brasileira no ano: o Caso Sarney.



Antes de nos aprofundarmos no comentário, já deixo claro que não vou relatar tudo o que foi feito e nem recapitular os capítulos da crise. Todos sabem que Sarney foi acusado de nepotismo (empregar parentes) e de desviar verbas da Petrobrás que foram doadas à fundação que leva seu nome. Também não me interessa fazer uma busca na trajetória política e pessoal do Presidente do Senado para buscar pontos que remetam a anteriores desvios de verbas e de conduta. Outro fato muito comentado pelos críticos é o conglomerado de empresas de comunicação da família Sarney, que envolve uma afiliada da Rede Globo e do SBT, além de mais de vinte estações de rádio e do jornal mais vendido no Maranhão.


Todas essas foram as justificativas utilizadas pela imprensa e pelos adversários políticos para que José Sarney deixasse o mais alto posto do Senado. Uma pena. Muitos políticos são bacharéis e doutores em Direito, mas pouquíssimos souberam defender a causa. Usaram a bandeira da ética e da transparência, uma vez que a maioria tem o ‘rabo preso’ com o PMDB ou com o próprio Sarney. A atitude mais louvável foi a de Luis Inácio Lula da Silva, por mais espantoso que possa parecer. Aliás, a defesa feita pelo Presidente da república ao “Príncipe do Maranhão” foi muito combatida e estranhada por jornalistas e pelos ‘intelectualóides’ da esquerda, que se rebelaram e gritaram aos ventos sua insatisfação.


Já o comportamento do Presidente Lula foi admirável. Com os pés no chão – algo que certamente aprendeu com o tempo – reconheceu que precisa do PMDB e do Sarney para seus planos de sucessão política. Estava pensando a frente, pensando na Dilma. Mas estava pensando mais em 2014. Amigos, tudo que nós vimos foi um jogo de poder que nos incomoda porque somos brasileiros ingênuos, acostumados com o discurso da fantasia. Os políticos articulam suas ações em torno do poder há séculos. Isso é próprio de se fazer política. Esta não é uma atividade filantrópica. Deixemos a filantropia para o Bill Gates, para a Angelina Jolie e Madonna. Político gosta é de poder.


As vias utilizadas por políticos são muitas vezes legais, mesmo que nós discordemos. O Sarney não é eleito porque é dono de empresas de comunicação que fazem lavagem cerebral nos eleitores. É eleito pelo voto democrático da população do Maranhão e do Amapá. Uma vez eleito, é absolutamente direito dele fazer o que for necessário para sacramentar sua influência. Ele tem suas armas e as usa da maneira certa, pois a absolvição recente pelo Senado prova isso. Nós, enquanto povo, temos as nossas armas, mas não as usamos tão habilmente quantos os bacharéis e doutores de Brasília. Temos o voto, temos a História, temos as informações. O problema é que não temos interesse.


por: Bruno Mirra